A rigidez cognitiva é a dificuldade em adaptar pensamentos, crenças ou comportamentos quando surgem novas informações ou mudanças. Acontece quando relutamos em desviar de padrões de pensamento estabelecidos, mesmo quando esses padrões não são mais eficazes ou adequados. É uma forma de pensamento que apresenta um padrão inflexível de como as coisas “precisam” ser e que, caso não sigam conforme o planejado, causam intenso sofrimento.
São pessoas apegadas à rotina que preferem o familiar e o previsível, sentindo desconforto com mudanças, mesmo que pequenas. Novas ideias geralmente não são muito bem vindas. Podem apresentar dificuldades na resolução de problemas que exigem criatividade, pois quando confrontados com obstáculos, podem ter dificuldade em encontrar soluções alternativas. Pessoas com rigidez cognitiva também podem persistir em suas opiniões ou preconceitos, mesmo diante de evidências contrárias. Todos esses comportamentos geram problemas em se adaptar a situações sociais, principalmente àquelas em que é necessário lidar com imprevistos.
A rigidez cognitiva é um sintoma e pode estar presente em diversos transtornos e condições, não sendo exclusiva de apenas um. Um dos exemplos mais característicos está dentro do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Pessoas com TEA frequentemente apresentam uma forte adesão a rotinas e rituais, resistência a mudanças, interesses restritos e intensos, além de dificuldade em generalizar habilidades ou adaptar-se a novas situações sociais. No Transtorno Obsessivo-Compulsivo (TOC) pode surgir ao se apegar a padrões de pensamento e comportamento rígidos, como rituais e verificações compulsivas, para aliviar a ansiedade causada por pensamentos intrusivos. A dificuldade em quebrar esses padrões, mesmo sabendo que não são necessários, é um exemplo de rigidez cognitiva. Pode estar presente também no Transtorno de Ansiedade Generalizada (TAG) onde pode ocorrer a busca de controle e previsibilidade através da adesão a rotinas e da resistência a situações incertas ou imprevisíveis, o que gera um aumento do estresse. Esses são apenas alguns dos diversos exemplos onde esse sintoma pode ocorrer.
As consequências da rigidez cognitiva podem variar de acordo com o quadro. No nível pessoal, pode dificultar o aprendizado, o crescimento e a adaptação à mudanças na vida. Nos relacionamentos, pode levar a brigas e mal-entendidos. No ambiente profissional, pode inibir a inovação e a capacidade de lidar com desafios complexos. Se isso acontece em sua vida com frequência, talvez seja momento de procurar ajuda.
Na psicoterapia é possível aprender a utilizar de um importante recurso chamado flexibilidade cognitiva, também conhecida como flexibilidade mental. É a capacidade do cérebro de adaptar o pensamento e o comportamento em resposta a situações novas, inesperadas ou complexas. Em outras palavras, é a habilidade de "pensar fora da caixa", questionar suposições e encontrar diferentes soluções para um problema ou situação. Imagine que você está tentando abrir uma porta com uma chave e ela não funciona. A flexibilidade cognitiva é o que te permite não insistir infinitamente na mesma chave, mas sim pensar em outras possibilidades como por exemplo: tentar outra chave, ver se a porta está destrancada, procurar outra entrada, chamar um chaveiro, dentre outras milhares de soluções.
Andressa Oliveira de Souza
Psicologia Clínica e Avaliação Psicológica
CRP 03/32496