Você já se perguntou alguma vez porque existem muito mais diagnósticos do Transtorno do Espectro Autista (TEA) em homens do que em mulheres? Por que existem tantas mulheres sendo diagnosticadas já adultas? Uma das explicações pode estar na forma em que todos nós socializamos e interagimos na sociedade enquanto mulheres. Vem entender o que é o masking!
O masking refere-se a um conjunto de comportamentos que pessoas com TEA adotam para aderir às normas sociais e ocultar seus sintomas. Funciona como se fosse realmente uma máscara que vestimos e colocamos ao interagir com o mundo. Esse fenômeno é particularmente prevalente entre mulheres, que muitas vezes se sentem pressionadas a se encaixar em padrões sociais e a atender às expectativas de comportamento. A sociedade desempenha um papel significativo na manutenção do masking. Desde a infância, mulheres frequentemente socializam de maneira diferente dos homens. Elas são incentivadas a serem mais empáticas, comunicativas e socialmente adaptáveis, gerando uma carga muito maior de adaptação. Isso pode levar a uma internalização de expectativas sociais que não apenas camuflam os sintomas do TEA, mas também as levam a desenvolver habilidades de masking como uma estratégia de sobrevivência. Essa adaptação, embora funcione a curto prazo, por muitas vezes resulta em uma sobrecarga emocional e psicológica.
O impacto do masking reflete diretamente no diagnóstico tardio. Muitas vezes as características do TEA se manifestam de forma mais escondida em mulheres do que em homens, o que pode levar a um diagnóstico tardio ou até mesmo a falta de diagnóstico. Mulheres autistas podem se apresentar como socialmente competentes, mesmo que estejam lutando internamente com desafios relacionados à comunicação, interação social e regulação emocional.
Além disso, o estigma associado ao TEA pode dificultar a busca por um diagnóstico. Muitas mulheres podem sentir vergonha ou medo de serem rotuladas, levando à negação de suas experiências no espectro. Essa falta de reconhecimento pode perpetuar um ciclo de sofrimento e confusão, onde pode ocorrer uma luta interna para entender sua identidade e suas dificuldades.
É fundamental para nós enquanto sociedade promover uma maior conscientização sobre o autismo em mulheres e as nuances do masking. A validação da individualidade e a promoção de um ambiente inclusivo são essenciais para que mulheres diagnosticadas com TEA se sintam seguras e buscar o suporte necessário.
Andressa Oliveira de Souza
Psicologia Clínica e Avaliação Psicológica
CRP 03/32496